Neste artigo, estudaremos a doutrina dos fariseus, um grupo proeminente na sociedade judaica do primeiro século. Suas crenças e práticas moldaram significativamente o contexto religioso da época. Vamos examinar de perto suas convicções teológicas, influência social e interações com outras facções religiosas, conforme registrado nos evangelhos e em outras fontes históricas.

Quem Eram os Fariseus?

A origem dos fariseus é um tema de debate entre os estudiosos, mas uma teoria sugere que eles podem ter surgido durante o período que antecedeu a guerra dos macabeus. Este período foi marcado por uma resistência intensa contra a influência helenística e a adoção dos costumes gregos na época do governo de Antíoco Epifânio.

 Os fariseus, cujo nome provavelmente deriva da palavra hebraica “parash”, que significa “separar” ou “dividir”, podem ter se originado entre aqueles que se propuseram a resistir a essa assimilação através de uma observância estrita da Lei de Moisés.

Os macabeus, por outro lado, foram os integrantes de um exército rebelde judeu que assumiu o controle de partes da Terra de Israel, até então um estado-cliente do Império Selêucida. Eles lideraram um movimento de resistência contra o domínio estrangeiro, destruindo altares, circuncidando meninos à força e recuperando a Torá das mãos dos gentios.

A posição mais provável é que os fariseus tenham surgido como um grupo que se opôs à influência helenística através de uma observância rigorosa da Lei de Moisés, o que faz com que os hasidins, “piedosos”, tenham sido seus precursores. Portanto, é possível que a resistência dos macabeus tenha desempenhado um papel na formação e fortalecimento dos fariseus como um grupo distinto dentro da sociedade judaica.

Práticas e Crenças 

Os fariseus, mencionados em diversos trechos das Escrituras, como em Mateus 23:1-36, eram estudiosos e líderes religiosos. Sua ênfase estava na observância estrita da Lei de Moisés e das tradições judaicas. Acreditavam na autoridade das Escrituras e buscavam aplicar esses ensinamentos em suas vidas diárias, mantendo-se separados das influências consideradas impuras ou profanas.

Observância da Lei e Tradições Orais 

Os fariseus, como descrito em Lucas 11:42, dedicavam-se à interpretação minuciosa da Lei. Procuravam aplicá-la em todas as áreas da vida, desde rituais religiosos até questões éticas e morais. Além disso, valorizavam as Tradições Orais, como mencionado em Mateus 15:2, acreditando que essas interpretações adicionais forneciam orientações detalhadas para a prática da fé.

Separação e Pureza Ritual 

Uma característica distintiva dos fariseus era sua prática de se manterem separados daqueles que consideravam pecadores ou impuros, conforme relatado em Lucas 18:11-12. Buscavam preservar a pureza ritual e evitar o contato com pessoas ou situações que pudessem comprometer sua santidade, seguindo as prescrições da Lei e das tradições religiosas.

Críticas e Controvérsias

Apesar de sua devoção à Lei, os fariseus foram frequentemente criticados por Jesus e outros líderes religiosos por seu legalismo e hipocrisia. Em Mateus 23:23-24, Jesus os repreende por negligenciarem os princípios mais importantes da justiça, misericórdia e fé, enquanto se concentravam em questões menores da lei. Essas críticas refletiam a preocupação de Jesus com o coração e a motivação por trás da prática religiosa. Além disso, em Lucas 11:42, Jesus novamente critica os fariseus por darem o dízimo de suas especiarias, mas negligenciarem a justiça e o amor a Deus. Ele os chama de guias cegos, que coam um mosquito, mas engolem um camelo.

Impacto e Legado

 Apesar das controvérsias, os fariseus deixaram um legado duradouro no judaísmo rabínico pós-destruição do Segundo Templo. Suas interpretações da Lei e sua abordagem rigorosa à observância religiosa influenciaram o desenvolvimento do pensamento judaico e continuam a ressoar nas práticas e tradições da comunidade judaica até os dias atuais. Adicionalmente, em Atos 5:34-39, Gamaliel, um fariseu e professor da lei, defendeu os apóstolos, argumentando que se o seu trabalho ou atividade é de origem humana, falhará, mas se é de Deus, não se pode derrubá-lo. Esta perspectiva reflete a influência duradoura dos fariseus na formação do pensamento religioso.

Conclusão

 Em conclusão, a doutrina dos fariseus representa um aspecto importante da história e da teologia judaica, fornecendo valiosos pontos de vista sobre a religião e a cultura do primeiro século. Ao examinar suas crenças, práticas e interações com outras facções religiosas, podemos aprofundar nossa compreensão do contexto no qual Jesus e seus discípulos viveram e ensinaram, enriquecendo nossa compreensão da fé judaico-cristã. Além disso, em Atos 23:6, Paulo se identifica como um fariseu para dividir o Sinédrio entre fariseus e saduceus. Isso destaca a relevância contínua dos fariseus na compreensão do desenvolvimento do cristianismo primitivo.

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